sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Satisfação

  “O segredo para ser infeliz é ter tempo livre para preocupar-se se é feliz ou não”.
    [Bernard Shaw]
 
  Se considerarmos a felicidade um estado de bem estar constante podemos afirmar que ela não existe.

  Não imagino alguém sem nenhum tipo de preocupação com nada, tudo está absolutamente bem e vai com certeza continuar assim.

  O bom desse plano de pensamento é poder afirmar que a "infelicidade plena" também não existe.

  Se observarmos uma pessoa com alto grau de depressão sempre haverá alguma coisa que a alegre, essa alegria não é suficiente para manter sua disposição para vida, mas por alguns minutos lhe faz esquecer a tristeza.

  Recentemente (Março 2011) a atriz Cibele Dorsa se jogou do 7º andar da sacada do prédio.
  Estava fazendo uma peça infantil e, segundo depoimentos, com competência.  
  Logo, não podemos dizer que antes do suicídio sua vida era só tristeza, que estava totalmente infeliz.
  Fora o trabalho tinha 2 filhos, é difícil imaginar que não tinha amor por eles.

  A primeira sugestão no pensamento de Shaw é evitarmos tempo livre para pensar (preocupar-se).
  Para pessoas que gostam do trabalho que fazem esse é um processo fácil.
  Para quem tem um hobby que gosta muito também é mais tranquilo.

  Para mim, é bem complicado, gosto de tempo livre e meu hobby é pensar.

  O X da questão é que o “pensar” não pode se resumir a “preocupar-se” ... ficar sempre aflito por alguma coisa.

  Vou tentar alguma exemplificação.

  Casamento 100% feliz eu não conheço então digamos que seu casamento está 80% bem.
  Na correria do dia a dia não se preocupa muito com isso, mas quando está de folga ou tem um tempo qualquer fica imaginando que está sendo traído ou que sua parceira deveria ser melhor do que é.
  Percebe que ao invés de aproveitar uma situação que está 80% boa você cria motivos para ficar preocupado, triste?
  Seus pensamentos focam nos 20% que não são seu sonho dourado, vai além e fica imaginado coisas negativas como uma infidelidade.

  Está tudo relativamente bem no seu trabalho, nada muito fora da rotina, mas no seu tempo livre fica imaginando (se preocupando) que pode ser demitido a qualquer momento ou que membros da chefia “conspiram” contra você.


  De certo Cibele tinha coisas boas na vida, mas pelo visto, em seu tempo livre só olhava para o que não tinha.

  Ela acreditou que nunca mais seria “feliz” como foi com o antigo companheiro.
  O interessante é que o relacionamento não era longo, se conheciam a pouco tempo, ela viveu bons momentos na vida “SEM” ele.

                                              

 

  Em 30 de janeiro deste ano (2011), o noivo de Cibele, o apresentador de TV Gilberto Scarpa, de 27 anos, sobrinho do empresário Chiquinho Scarpa, morreu do mesmo modo, caindo da mesma janela.

  Ele apresentava o programa de variedades “Brasil bites” no canal da TV paga E! Entertainment Television desde agosto de 2010.

  Segundo informações das assessorias de imprensa do canal e do apresentador, Scarpa cometeu suicídio.

 Na ocasião, a atriz postou a seguinte mensagem em seu perfil no Facebook, sobre a morte do noivo:

 “Meu noivo se suicidou essa noite, com ele morto eu me sinto morta.

  Prefiro ir com ele, minha força não faz mais sentido. Quero ir encontrá-lo”.


 [Globo]



 Podemos até colocar essa “ilusão de felicidade” em xeque uma vez que se os momentos fossem tão bons o rapaz de 27 anos não pularia pela janela…


  Eu sugiro que devemos ser precavidos, planejar a vida, mas de alguma forma evitar o excesso de preocupação.

  Se está em um bom momento APROVEITE, se amanhã não estiver bem daí veremos o que fazer.

  Lembrei o refrão de uma música:

  “Não me pergunte se amanhã o nosso amor vai existir não me pergunte, pois não sei.”
   [Odair José – A Noite mais linda do mundo]

  Não sabemos muito sobre o amanhã, não sabemos o que iremos sentir, o que irá acontecer.
  Se hoje está bem e NÃO temos fortes evidências de que amanhã não estará ... qual a lógica em se preocupar demasiadamente, ainda mais esperando o pior?

  Inevitavelmente seremos devorados de várias maneiras, gente que gostamos adoecerão, morrerão, nós envelheceremos, também podemos adoecer a qualquer momento, acidente, assalto, perda do emprego, um amor que acaba, uma amizade que vai para longe…

  Se ficarmos pensando em tudo de desagradável que pode nos acontecer viveremos com medo/deprimidos.

  O pior de tudo é que não é apenas ilusão, é uma realidade concreta, esse medo tem razão de ser, coisas ruins acontecem a todo momento.
  Mortes e doenças fatalmente estarão no nosso futuro, até que chegue a nossa própria morte.

  O que aconteceria se Cibele não tivesse cometido suicídio?

  Provavelmente nunca esqueceria o amor que se foi, mas havia tempo para viver um outro amor, ver seus filhos crescerem, terminar a peça infantil e começar outra.
  A vida seguiria.

  Quem fica se perguntando se é feliz ou não vai sempre descobrir que NÃO!
  Sempre faltará alguma coisa.
  O tempo que ficou se perguntando poderia estar relaxando ou aproveitando o momento bom sem grandes preocupações.

  Eu sei que não sou feliz, não perco meu tempo me perguntando coisas que já sei.
  Porque não sou feliz?
  Porque sempre falta alguma coisa.
  Um exemplo?
  Gostaria de ser um escritor de sucesso como tantos dos meus colegas mortos e obviamente não sou.
  Outro exemplo?
  Minha garganta está irritada, sinal de uma gripe chegando, quem gosta de ficar gripado?
  No mais, minha esposa está bem, minhas filhas estão bem, meu trabalho está bem.

  Não satisfaço plenamente a ninguém, porque tudo a minha volta deveria ser plenamente satisfatório!?

  Shaw acabou de me inspirar que:

  A satisfação está na morte, todos os desejos e necessidades cessam.

  É melhor continuarmos insatisfeitos até que surja uma inspiração melhor…
😊





    Descansem em paz...

 

Na fotografia estamos felizes
Me vejo a teu lado
Te amo? Não lembro
Parece dezembro de um ano dourado
São anos dourados ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais...



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