sábado, 28 de junho de 2014

Esqueçam o que Escrevi

  "A gente escreveu tanta coisa, então é cobrado sempre pelo que escreveu.”
[Fernando Henrique]


  José Paulo Kupfer: Por que o senhor mandou esquecer tudo que o senhor tinha escrito?

Fernando Henrique Cardoso: Essa frase eu nunca disse, perdão, essa frase eu nunca disse.

José Paulo Kupfer: Então é um bom momento para [desmentir].

Fernando Henrique Cardoso: Mas eu já disse um milhão de vezes que eu nunca disse isso. Já escrevi que eu nunca disse isso e desafio quem diga a quem eu disse isso, quando e como. Nunca disse, isso é um absurdo.

Heródoto Barbeiro: Mas, senador, é bom o senhor repetir porque tem perguntas nesse sentido. O senhor Luis Carlos Simões, do Itaim, fez exatamente essa pergunta. Foi até bom o senhor repetir para que as pessoas...

Fernando Henrique Cardoso: Então eu repito: esta frase: “Esqueçam tudo o que eu escrevi” é simplesmente... isso é o papel da infâmia na política, é uma infâmia. A quem eu disse isso? Quando? Já perguntei sempre: em que circunstâncias? Nunca disse, nunca disse, [mas] repetem, repetem. Aí é a técnica do [líder nazista Joseph] Goebbels [1897-1945]: repete, repete até parecer que é verdade.
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   Eu aceito que as pessoas mudem de opinião porque eu mudo de opinião.
  Nunca fiz segredo que votei em Lula no primeiro mandato.
  Um dos meus grandes arrependimentos em votações foi votar em Francisco Amaral, um péssimo prefeito para Campinas.

   Se FHC mudou de opinião sobre coisas que escreveu, não vejo isso como algo terrível.
  Quero dizer que mesmo que ele tivesse dito para esquecerem tudo que ele já havia escrito no sentido dele ter mudado de opinião seria aceitável.
  Eu tinha uma visão do Cristianismo hoje tenho outra.
  Eu tinha uma visão do Socialismo hoje tenho outra.
  Acredito que minhas opiniões atuais estão estruturadas em argumentações de muito melhor qualidade, nesse sentido... “esqueçam tudo que escrevi”.
  Eu sou o que penso agora.

Fernando Mitre:  É claro, mas eu queria lhe fazer uma pergunta que é a seguinte.
  O Plano Real é evidentemente o maior estímulo da sua campanha, isso é óbvio; ele está indo bem, mas ele corre riscos. Amanhã, por exemplo, é um dia que pode ser difícil para o Plano Real.
  O presidente Itamar convocou uma reunião onde ele deve decidir sobre essa questão do aumento do funcionalismo, incluindo os militares, aumentos que, diga-se de passagem, são muito justos, eles ganham muito mal e precisam mesmo desse dinheiro. Só que parece que não há esse dinheiro para dar para eles. O presidente Itamar está tendente a concordar com a reivindicação, que, como eu disse, é justa. Mas, se o senhor fosse ministro da Fazenda, que conselho o senhor daria ao presidente Itamar nessa reunião de amanhã?

Fernando Henrique Cardoso:  A mesma coisa que eu fiz sempre e que o ministro [da Fazenda Rubens] Ricupero está fazendo: não pode haver aumento que não seja em função de uma receita. 
  Isso porque, se não tiver receita, não deu aumento, todos se enganaram, porque isso vai ter uma pressão inflacionária e esse aumento é fictício, porque vai desaparecer pela pressão inflacionária.   

  Uma grande injustiça que fazem com o Governo FHC é a de insinuar que ele não mandava verbas porque não queria.
  Ele estava arrumando a casa, nossas reservas cambiais não eram tão grandes, o mundo não estava com a abundância de capital que foi de 2000 até 2008.
  O Lula pegou uma fase de crescimento mundial muito grande e soube aproveitar bem pouco.
  Se fosse um FHC [não ele, mas alguém tão competente quanto] provavelmente estaríamos muito melhores, uma economia muito mais eficiente, o famoso crescimento sustentável.
  Não se esqueçam que quem criou o Bolsa Escola foi o governo FHC.
  Esse foi um dos programas que mais beneficiou as famílias mais carentes depois o PT mudou de nome e disse que era dele.

  Eu nem sei porque TROCAR O NOME de um programa que já existia é mais importante que ter o colocado em pratica, quem me explica:

  “O Bolsa Escola, o Auxílio Gás, o Bolsa Alimentação e o Cartão Alimentação.
  A então primeira-dama do Governo FHC, D. Ruth Cardoso, impulsionou a unificação dos programas de transferência de renda e de combate à fome no país.” 



  Como podem ver Lula se apropriou de um projeto que já estava em andamento, apenas mudou o nome.
  Se Serra fosse eleito acabaria com o projeto iniciado por FHC?
  Duvido muito, se nem o Lula acabou.
   Esses benefícios no Governo FHC beneficiavam 5 milhões de famílias.
  Hoje deve beneficiar uns 11 milhões.
  Em 12 anos de governo o PT pouco mais que dobrou o número famílias beneficiadas.
  Isso é bom? Isso é mau?
  Sei lá! Só passando um pente fino em todos que são atendidos. 


  O projeto do PT era o Fome Zero que nem sei que fim levou ou quando funcionou.




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